É muito comum a população cobrar imparcialidade no Jornalismo, principalmente no Jornalismo Digital, com a quantidade de fake news e o compartilhamento de conteúdos. No entanto, sabemos que não é tão simples assim.
No jornalismo, podemos comparar a imparcialidade como a linha do horizonte, no qual sempre podemos ver, mas nunca conseguimos alcançar. Ou seja, por mais que a gente deseje ser imparcial, nunca iremos conseguir ser totalmente imparcial. Isso acontece porque nós temos nossos valores pessoais, personalidade e opinião, e isso vai ser aplicado na produção do nosso conteúdo. Afinal, somos o que escrevemos.
A imparcialidade no Jornalismo ela serve para que o espectador possa desenvolver sua própria opinião sobre um fato. Contudo, em alguns momentos é bom que o jornalista mostre o posicionamento diante de algumas situações.
Quando não usar a imparcialidade
No dia 5 de novembro de 2015 ocorreu o maior acidente de trabalho na história do Brasil: o rompimento da barragem de Mariana. De acordo com o promotor de Justiça do Meio Ambiente, Carlos Eduardo Ferreira Pinto, a tragédia “não foi um acidente, tampouco fatalidade“, pois foi um erro na operação no monitoramento da barragem. Foram encontrados 18 mortos e uma pessoa ainda esta desaparecida, além dos danos ambientais que ficaram por muito tempo e prejudicarão a população local.
O jornalista imparcial irá noticiar os dados e as informações necessárias para que o público compreenda a situação. Entretanto, o jornalista que defende o povo de Mariana e os trabalhadores que arriscaram as suas vidas irá publicar sobre ONGs organizadoras, cobrar autoridades e acompanhar o caso por anos. Nessa ocasião, o jornalista mais ético deixa de lado a imparcialidade para apoiar as pessoas que sofreram com o acidadente.
De acordo com o código de ética, o primeiro dever do jornalista é defender os Direitos Humanos. Portanto, o jornalista deve se posicionar sempre a favor da população que precisa de cuidado. Dessa forma, a imparcialidade no Jornalismo deve ser deixada de lado para priorizar a defesa do povo.
Por fim, a imparcialidade deve sempre ser um objetivo para auxiliar na manutenção da democracia. Todavia, o jornalista deve ser coerente com a situação, podendo abrir mão da imparcialidade para fazer um trabalho bem feito, desde que, anota isso: seja uma imparcialidade baseada em fatos, e não achismos. Embasamento no que fala, é fundamental para não soar como “querer falar o que QUER” e não, “falar o que É”.